Construindo aprendizagens significativas na EAD: o poder da intencionalidade e mediação pedagógica
A popularização da Educação a Distância (EAD) delineou um panorama educacional multifacetado: entre a educação presencial, semipresencial e a remota.
Atualmente, o ensino presencial ainda é referência nos cursos regulares, porém, com os avanços sociais e tecnológicos, a EAD despontou como uma vertente poderosa. Uma vez que permite que professores e alunos estejam separados fisicamente, mas conectados por recursos que transcendem os espaços-tempos de aprendizagem. Nesse cenário, surge a ideia de educação contínua, um processo de aprendizado constante, entrelaçando teoria e prática, enriquecendo a troca de experiências e expandindo horizontes (MORAN, 2002).
Apesar do seu potencial para ampliar a experiência de aprendizagem, a EAD enfrenta, ainda, desafios para o seu êxito, como a desigualdade econômica, a disparidade no acesso à tecnologia e fragilidades na fluência tecnológica dos estudantes. Assim, essas limitações se tornam barreiras para que a democratização da informação alcance a todos de maneira equitativa.
Entretanto, desde o início, a EAD busca facilitar o acesso à capacitação profissional, viabilizando ao aluno a autonomia em seu processo de aprendizagem, com acompanhamento de especialistas pedagógicos, através da aplicação intencional das ferramentas tecnológicas de informação e comunicação (TICs).
Mas a democratização do acesso à EAD só é possível porque ela foi concebida em meio à era digital, certo?
Na verdade, não é bem assim! Apesar de facilmente se associar a Educação a Distância com a aprendizagem mediada por ferramentas digitais, a história da EAD é um pouco mais antiga, e a amplitude do conceito varia de acordo com as bases teóricas consultadas. Essa diversidade de conceitos – incluindo o conceito oficial definido no Brasil pelo Decreto 9.057, de 2017 – convergem para defini-la como um processo que requer um planejamento bem estruturado e a comunicação entre professor-aluno viabilizada por recursos facilitadores das trocas de informação.
O levantamento histórico realizado pela pesquisadora Lucineia Alves (2011), revela que o mais antigo registro de curso ministrado à distância data o final da década de 1720, quando a Gazeta de Boston anunciou a oferta de um curso por correspondência. Em contrapartida, no Brasil, o pioneirismo da profissionalização por correspondências é registrado em 1904, aparecendo nos classificados do “Jornal do Brasil”.
Depois, a trajetória do desenvolvimento da EAD no Brasil evoluiu, aproximando-se de meios mais acessíveis e tecnologicamente avançados. As instruções via rádio ganharam destaque na década de 1920, e posteriormente, entre as décadas de 1970 e 1980, fundações privadas e organizações não governamentais introduziram cursos supletivos a distância. Esse modelo, conhecido como tele-educação compreendia aulas via satélite e materiais impressos complementares, marcando a chegada da segunda geração da Educação a Distância no país.
Mas a consolidação efetiva da EAD ocorreu somente na década de 1990, quando a maioria das Instituições de Ensino Superior brasileiras adotou essa modalidade, aproveitando-se das novas tecnologias disponíveis (como computadores e conexão à internet). Esse percurso histórico evidencia a evolução contínua da EAD no Brasil até sua integração como uma modalidade fundamental do sistema educacional, possibilitada pelos diversos meios de comunicação disponíveis, promovendo o acesso e a democratização do ensino em diferentes contextos.
Como a HardFun trabalha com a EAD?
A HardFun, desde 2013, atua como parceira em projetos sociais dedicados à formação continuada de educadores brasileiros através da EAD. Os cursos concentram-se na inclusão digital e na adoção de metodologias ativas, desempenhando um papel significativo na melhoria do cenário educacional brasileiro.
As ferramentas disponíveis em nossos ambientes de aprendizagem contribuem para uma interação mais próxima entre os participantes. Integrando, desse modo, colaboração e personalização ao processo de aprendizagem como estratégia para incentivar a sua postura ativa e indagadora. Nosso objetivo é encorajar os educadores a experimentar e compartilhar novas práticas em seus contextos de atuação. Buscamos atingi-lo através da oferta de recursos pedagógicos diversificados e qualificados, da escuta e valorização das ideias e produções dos alunos. Além do incentivo à construção de uma comunidade de trocas e oferta de suporte técnico e pedagógico.
Como incentivar a interação e engajamento dos cursistas por meio da mediação pedagógica?
As experiências de aprendizagem que produzimos contam com a presença de agentes pedagógicos que desempenham papéis cruciais no acompanhamento dos alunos. Eles promovem espaços de interação personalizada e valorizam a colaboração dentro dos fóruns, fortalecendo a comunidade de aprendizagem (REAL et. Al, 2016). A mediação pedagógica atua no acompanhamento e acolhida das ações e dúvidas dos alunos, criando uma identidade real e buscando incentivar a participação do grupo.
Os mediadores são responsáveis por orientar e apoiar a jornada de aprendizagem, oferecendo suporte personalizado para atender às necessidades dos cursistas, e utilizam algumas ferramentas como suporte para as ações.
Essas ferramentas não apenas facilitam a interação, mas também favorecem um ambiente de aprendizagem dinâmico e colaborativo, a que se propõe a EAD.
A interação é extremamente importante!
Buscamos cultivar um ambiente propício para o diálogo constante entre alunos e mediadores. Do mesmo modo que entendemos que a troca de ideias e a colaboração são pilares essenciais para uma aprendizagem enriquecedora. Dessa forma, esses elementos não só promovem uma visão mais ampla sobre os temas abordados, mas também ampliam a compreensão por meio desta diversidade de perspectivas e experiências compartilhadas.
Nesse contexto, o cursista desempenha um papel de protagonismo. Por consequência, além de expressar suas percepções, ele é um agente mobilizador de reflexões, investigações e construções entre o grupo. A capacidade de instigar o diálogo e inspirar que os pares compartilhem seus pensamentos é fundamental para a dinâmica dos processos de aprendizagem.
A interação aproximada entre alunos e mediadores não apenas enriquece os conteúdos abordados, mas também fortalece as habilidades de pensamento crítico, colaborativo e reflexivo dos cursistas. Assim, o mediador assume o papel de facilitador desse diálogo, orientando e estimulando a comunicação ativa entre o grupo, construindo um ambiente favorável à multiplicidade de ideias e a construção conjunta do conhecimento.
Referências Bibliográficas:
ALVES, Lucineia. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, São Paulo, v. 10, p. 83 – 92, 2011.
MORAN, J. O que é educação a distância?. José Moran: educação transformadora. 2002.
REAL, L. C.; SIRANGELO, L. G.; FERNANDES, V. V. Práticas pedagógicas na educação a distância (EAD): presenças sociais nos fóruns de discussão. XVII Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância, Goiânia, 2020.
Artigo escrito por:
Gabriela Lemos
Analisa de Projetos Sociais
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