Escolas Conectadas: Reflexões, Crescimento em Escala e Inovação Pedagógica

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UMA PARCERIA QUE EM 2020 GANHA RECONHECIMENTO INTERNACIONAL.

No dia 05 de outubro de 2020, o Escolas Conectadas, uma iniciativa do ProFuturo, programa de educação global da Fundação Telefônica Vivo e da Fundação Bancária “la Caixa”, recebeu o prêmio internacional UNESCO-Hamdan Bin Rashid Al-Maktoum de Melhores Práticas e Desempenho no Aprimoramento da Eficácia de Professores. Para celebrar a conquista do projeto, que temos desenvolvido desde 2013, decidimos escrever esse artigo, refletindo sobre os aspectos inovadores que, do nosso ponto de vista, levaram a esse grande reconhecimento.

A atuação da nossa equipe (estruturada em conjunto com a B&S Educação e Tecnologia), com contribuições dos demais parceiros envolvidos na construção, na experiência, na funcionalidade e no conteúdo da plataforma, como a ATN, a Uergs, o Instituto Singularidades e o Centro Universitário Ítalo Brasileiro, é sustentada por princípios que orientam as tomadas de decisão no dia a dia do projeto. Como equipe, acreditamos na aprendizagem construída na ação e em rede, no desafio como propulsor do conhecimento, no empoderamento do aprendiz para a solução de problemas reais, no encorajamento à autoria, na cooperação e no auxílio mútuo. E o mais importante: temos como nosso guia que o desenvolvimento da criança e do jovem é a medida de sucesso de toda iniciativa que busque a qualificação da educação básica.

Na plataforma Escolas Conectadas, é este o grande princípio de design, o fio condutor: a busca pelo impacto concreto sobre as práticas dos professores com seus alunos por meio da conceituação e da inspiração de novas possibilidades pedagógicas. Ao longo de todo o projeto, nossa equipe trouxe uma perspectiva diferente sobre o uso da tecnologia digital como uma nova linguagem, capaz de abordar os problemas escolares e explorar formas de inovar nas práticas pedagógicas. O método adotado nos cursos – apoiado na experimentação e no compartilhamento de práticas por parte dos próprios educadores, sobretudo por meio de fóruns de discussão – privilegia a reflexão sobre como a aprendizagem é construída. Assim, esperamos que as ações vivenciadas pelos professores inspirem a adoção de processos semelhantes com seus alunos, instigando a criação e a investigação a partir da mobilização de interesses e de curiosidades, observadas as possibilidades individuais. O projeto conecta, portanto, a inovação pedagógica e a tecnologia digital, usando-as como ferramentas para abordar as necessidades e os desafios cotidianos dos professores em seus ambientes escolares.

Em um contexto macro, o Escolas Conectadas inova em sua abordagem para a escala, que busca maximizar o impacto no final do processo e não diluí-lo em uma tentativa de crescimento linear, dentro de um ethos hacker que caracteriza a cultura da equipe. Na prática, isso significa que, mesmo partindo de bases conceituais sólidas e tendo atuado em projetos semelhantes, assumimos as lacunas do nosso conhecimento e usamos a iniciativa para escutar os professores e aprender. Adotamos, nos dois primeiros anos do projeto, o conceito de ciclos rápidos: todo mês propúnhamos cursos novos, seguidos de ações de escuta dos professores e de análise qualitativa. Reinventávamos o projeto a cada novo mês! Desta forma, quando surgiu a necessidade de aumentar a escala, partimos de uma compreensão muito maior das necessidades dos educadores.

A demanda de trazer novos professores para a plataforma, engajá-los nas formações e escutá-los em uma nova dimensão de escala gerou a necessidade de agregarmos novas estratégias e saberes, como ciência de dados e growth hacking, bem como de repensarmos as formas de mediação e suporte ao educador (que chamamos de acolhimento). Novamente, a tecnologia foi o elemento que empregamos para “costurar” essas áreas: aplicamos o conceito de ecologia tecnológica, ou seja, uma série de sistemas funcionando em conjunto para atender as necessidades do projeto. Usamos nossas habilidades como desenvolvedores não para “reinventar a roda”, mas para “costurar sistemas” que anteriormente funcionavam separados e fora de sincronia. Desenvolvemos apenas os softwares que realmente eram necessários e promoviam inovação.

Neste ano de 2020, a arquitetura pedagógica do Escolas Conectadas, pautada na possibilidade de trocas de experiências entre cursistas, mostrou-se ainda mais necessária, em razão da crise sanitária global e da adoção do ensino remoto emergencial. Se no início do projeto, em 2013, nosso objetivo era alcançar 500 professores, com o tempo esse objetivo cresceu, e, ao longo de nossa história, são 56 mil educadores que concluíram cursos e 176 mil inscritos, números que também demonstram a relevância da plataforma, agora reconhecida internacionalmente por sua contribuição na melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem.

Escalar projetos em educação sem abrir mão da qualidade e, portanto, da possibilidade de transformação da experiência educativa, é um problema complexo, que acreditamos que ainda requer muita investigação e prática. O reconhecimento da UNESCO ao Escolas Conectadas nos mobiliza, pois talvez estejamos conseguindo avançar nesse debate, concebendo novas formas de utilizar a tecnologia computacional para transformar a sociedade.

 

Sobre o prêmio

O prêmio UNESCO-Hamdan Bin Rashid Al-Maktoum de Melhores Práticas e Desempenho no Aprimoramento da Eficácia de Professores foi criado em 2008 para apoiar e reconhecer iniciativas que contribuem para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem ao redor do mundo. Ele ocorre a cada dois anos, e a atual edição contempla os anos de 2019 e 2020. O prêmio é dividido entre três vencedores. Saiba mais detalhes sobre o prêmio e a conquista do Escolas Conectadas clicando aqui.

Artigo escrito por:

Juliano Bittencourt

Juliano Bittencourt

Diretor Executivo

Patrícia Schäfer

Patrícia Schäfer

Membra honorária da HardFun

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